sexta-feira, 29 de março de 2013

Pelos picos "perdidos" da Malveira

Seis dias depois da "grande maratona" de Óbidos a Torres Vedras, eis que havia uma proposta  de  voltar
29.03.2013 - Dia de chuva e nevoeiro ... pelos picos "perdidos" da Malveira
a caminhar com o grupo "Novos Trilhos", na sexta feira santa. Tratava-se de uma travessia circular, pelos picos a norte da vila da Malveira, na sua maioria antigas chaminés do complexo vulcânico de Lisboa.
A previsão meteorológica para esta sexta feira santa era contudo convidativa para tudo menos para caminhar ... mas a caminhada era (e foi...) a 60ª caminhada daquele grupo ... pelo que havia lanche e convívio no final.
E ... lá fui! E ... adorei! E ... senti-me em muitas alturas voltar aos meus 17 ou 18 anos, às "maluqueiras" vividas entre amigos, à chuva, na lama, percorrendo montes e vales! Embora já conhecesse muitos dos elementos do grupo, à segunda caminhada que faço com os "Novos Trilhos" senti-me como se já conhecesse todos há muitos anos! Boas caminhadas, excelente camaradagem, muita amizade ... tudo o que constrói uma caminhada, que tem de viver não só do percurso em si, mas também dessa amizade, dessa partilha.
Geodésico do Jerumelo (370m alt.)
Plantação de carvalho cerquinho, no Pico de Jerumelo
Às portas de Lisboa, os trilhos escolhidos pelo grande organizador transportaram-nos para um ambiente perfeitamente rural. Mas as belas paisagens que supostamente avistaríamos do cume dos picos ... ficaram perdidas no nevoeiro, nas nuvens baixas, na chuva que fomos apanhando em vários troços dos pouco mais de 20 quilómetros do percurso. Imaginámos as panorâmicas, que em dias de boa visibilidade alcançam grande parte do litoral atlântico estremenho.

À vista de Vila Franca do Rosário
E lá avançamos, por entre as brumas e mistérios dos bosques da Malveira...
Com um desnível de apenas 240 metros entre os pontos mais baixo e mais alto, o desnível acumulado ao longo do percurso foi contudo ... de mais de 900 metros! Um permanente sobe e desce ... como aliás se chama uma rua da aldeia de Jerumelo, a única aldeia atravessada. E com a muita lama que caracterizou a maior parte da jornada ... as subidas e descidas não foram propriamente fáceis... J

Uma descida épica...

E uma subida épica...
Moinho e geodésico da Bitureira (270m alt.)
Junto à Porta da Tapada de Mafra do Vale da Guarda

Belos caminhos... J
Vale da Fonte
Linha do Oeste ... e estávamos quase de regresso, completando 20,3 km neste périplo pelos picos da Malveira
Antes das três da tarde estávamos no ponto de partida ... bem molhadinhos e enlameados... J. As três horas seguintes foram de paródia, de brincadeira, de são convívio. Não é todos os dias que um grupo com cerca de 2 anos de existência completa 60 caminhadas, nesses dois anos! Parabéns aos "Novos Trilhos", a todos os seus membros e ao seu extraordinário mentor e dinamizador!

sábado, 23 de março de 2013

De Óbidos a Torres Vedras, com os "Novos Trilhos"

Já várias vezes salientei, nestas minhas "fragas", o papel que as redes sociais têm tido, particularmente
Os "Novos Trilhos" na "Visão"
nos últimos dois anos, na minha contínua descoberta de novos trilhos, de novos instantâneos de ar livre. É o tal estranho cruzamento de uma catarse purificadora com a tecnologia do século XXI, a que me referia no que escrevi numa noite de Maio de 2011, completamente sozinho e "perdido" em pleno trilho da Cumeada, nas terras mágicas do Gerês.
Vem isto a propósito de mais uma "aventura", vivida ontem, sábado, em terras do nosso Oeste. O desafio ... era um teste de resistência: ligar dois dos mais importantes castelos medievais do oeste, de Óbidos a Torres Vedras. E o desafio vinha de mais um grupo que acompanho regularmente nos trilhos da net, que teve até já lugar de destaque na Revista "Visão". Bem a propósito, o grupo chama-se ... "Novos Trilhos". Alguns elementos já os conhecia de outras "aventuras" ... e assim as minhas "famílias" caminheiras vão aumentando, na razão directa da minha paixão pelo pedestrianismo.
Entre os Castelos de Óbidos e de Torres Vedras, a jornada seria, como foi, uma jornada dura, na casa da meia centena de quilómetros. Paisagens agrícolas, bosques de pinheiros e eucaliptos, belas aldeias de casario branco, típicas do Oeste, povoações históricas como Serra d'el Rei, fizeram parte do itinerário e deram a esta "prova" o sabor da "missão cumprida", com alegria e boa disposição!
Estação de Torres Vedras, 23.03.2013, 7:26h
Pouco passava das 7 da manhã juntávamo-nos na Estação da CP de Torres Vedras, onde ficaram as viaturas e onde tomámos o comboio para Óbidos. Da estação ferroviária subimos ao Castelo e a primeira etapa foi assim entre Óbidos e Serra d'El Rei, 15 km que completámos em 2 horas e meia, pelos campos e lezírias do Sobral da Lagoa e da Charneca da Mata. Serra d’El-Rei terá sido um enclave portuário erigido pelo lendário Mestre Templário Gualdim Pais. O actual topónimo teve origem no afecto especial que, a partir de meados do século XIV, os reis portugueses lhe dedicaram, sobretudo D. Pedro I, que se dedicou a esta povoação com o ardor apaixonado da sua juventude.

 Óbidos: começou a grande jornada entre Castelos
Sobral da Lagoa
Serra d'El-Rei: ao fundo a Papoa e a Berlenga
A nossa segunda etapa, entre Serra d'el Rei e Marteleira, atravessou a porção noroeste do planalto de Cezaredas e levou-nos aos 30 km de percurso. Não passámos muito longe de Bolhos, onde num longínquo dia 1 de Novembro de um longínquo ano de 1970 nasci para a vida ao ar livre, quando me iniciei na Espeleologia, precisamente nas grutas de Bolhos, Lourinhã! 30 anos antes do século XXI...! 40 anos antes de começar a escrever as minhas memórias ... "Por fragas e pragas..."! O passado cruza-se com o presente, as recordações cruzam-se com as vivências da actualidade!

Planalto das
Cesaredas
Marteleira
Auto-retrato...
                                                Já a entrar na tarde, da Marteleira continuámos rumo a Sul, fazendo a terceira e última paragem próximo de A-dos-Cunhados, quando os GPSs (e as pernas...) assinalavam os 40 km.

Outro grupo de caminheiros...
Os heróis!
Os últimos quilómetros desta "maratona" foram já depois do Sol posto. Quase com 49 km percorridos, passavam 15 minutos das dezanove horas quando entrámos nos limites da cidade de Torres Vedras. Mas ... claro que tínhamos de ir ao Castelo, ou não fosse esta uma "prova" entre Castelos. A porta do Castelo Medieval de Torres marcou assim simbolicamente o final desta bela jornada de resistência ... mas dali ainda tínhamos de voltar, claro, aos carros que tínhamos deixado de manhã a descansar, junto à Estação da CP ... e para completar os prometidos 50 quilómetros de marcha!

Rio Alcabrichel
Montejunto sempre à vista
Eo Sol ia-se pondo...
Forte de Olheiros
E Torres Vedras quase by night...
Junto ao Castelo de Torres: a "promessa" entre Castelos estava cumprida
... e cá estamos de novo na estação de Torres Vedras:
estava completada a jornada, com 50 km percorridos!
Tinha testado de novo os meus limites, à semelhança do ano passado, quando liguei a Malcata à Gardunha em travessia solitária, que continua a ser o meu record pessoal de distância num dia. Agora estes "Novos Trilhos" do Oeste sem dúvida que me agradaram. Apesar da jornada longa e do andamento necessariamente rápido, a alegria e o companheirismo estiveram sempre bem patentes nos rostos das mais de três dezenas de "maratonistas". A alegria e o companheirismo que aprendi a partilhar e a viver, em tantas e tantas "aventuras" de ar livre ... há mais de 40 anos!
A meteorologia ... essa mais uma vez cumpriu a "tradição" de contrato especial... J! De uma duvidosa previsão de uma caminhada total ou parcialmente à chuva ... apanhámos ligeiros borrifos por volta das onze da manhã...
Alguns números desta "maratona":
Distância percorrida: 50,1 km
Tempo total: 11 horas e 8 minutos (9h:43m de marcha + 85 minutos de paragens)
Média geral de marcha: 5,16 km/h
Altitude mínima: 5 m (Rio Real, Sobral da Lagoa)
Altitude máxima: 177m (próximo de Feteira, Planalto das Cesaredas)
Desnível acumulado de subida: 996 metros / de descida: 973 metros


domingo, 10 de março de 2013

Da Serra do Socorro ao Forte do Alqueidão

Regressados de terras raianas dois dias antes, ontem esperava-nos a 273ª actividade daquela a que costumo chamar a nossa "família" caminheira - os Caminheiros Gaspar Correia - "família" que completava 28 anos de são convívio e contacto com a Natureza. Em boa hora entrei para esta "família", como referi na parte retrospectiva destas "memórias" ... e já lá vão mais de 10 anos! Não é qualquer grupo de entusiastas do pedestrianismo que mantém ainda no activo, ao fim de 28 anos, mais de meia dúzia de elementos que percorreram toda a história do grupo, desde a sua fundação.
No alto da Serra do Socorro, 9.03.2013
A previsão para ontem era de muito mau tempo, particularmente na região oeste ... para onde íamos! No entanto, com o nosso habitual "contrato" com os deuses da meteorologia, limitámo-nos a apanhar uma escassa meia hora de chuva, na zona das Patameiras de Baixo e de Cima. O percurso iniciou-se no alto da Serra do Socorro e o destino era o Forte do Alqueidão, pelos montes e vales da bela região oeste, relembrando as invasões francesas e as Linhas de Torres.
Capela da Senhora do Socorro
E começou esta bela jornada pelos montes e vales da região Oeste
Por baixo da A8

Momento "radical" ... de chuva...
Patameira de Cima

Descida para a Gozundeira
E a caminho ...
... da grande travessia ( Ribeira dos Torreiros)
Belas imagens da região Oeste
Ainda se sente o cheiro a pólvora no ar... J
Ficam as fotos e o percurso efectuado.