terça-feira, 23 de outubro de 2012

Águas que correm para o Coa (2)

Em Maio passado, três jornadas consecutivas lançaram-me na senda das primeiras águas que correm para o Côa, percorrendo as primeiras barrocas e ribeiras que, com mais ou menos caudal, fazem dele o grande "Rio Sagrado". Agora, passada a estação estival e recomeçadas as chuvas, aproveitando uma longa estadia em Vale de Espinho, era altura de continuar aquele projecto, avançando para oeste, entre os Foios e Vale de Espinho.
A caminho da Fontanheira, 20.10.2012, 9:30h, 5ºC
A terra liberta os seus mistérios...
Para oeste, da cumeada dos Fontanhões e da Arraia descem para a margem esquerda do Côa essencialmente três linhas de água: a ribeira das Colesmas e o ribeiro Salgueiro, e, mais a poente ainda, o Ribeiro do Meio, que depois se "transforma" na Ribeira dos Abedoeiros. Os dois primeiros - Salgueiro e Colesmas - juntam-se a poente do Cabeço do Canto da Ribeira. Infelizmente o canto das ribeiras já não faz jus a este atractivo topónimo; grande parte das linhas de água estão secas, e onde não o estão a água cintila e canta pouco. Tenhamos esperança num inverno chuvoso, que as ponha a cantar.
No sábado passado, dia 20, não saí cedo para esta jornada. Já passava das 9 da manhã, uma manhã soalheira, depois de dois dias e meio de chuva quase ininterrupta; soalheira ... mas com 5ºC que se notavam bem nos campos, libertando os seus mistérios sob a forma de nevoeiros mágicos, misturados com as cores do Outono que avança a passos largos.

quadro de magníficas cores outonais
Junto à casa florestal do Canto da Ribeira, num
Para um belo
arroz de tartulhos...
Cabeceiras da Ribeira das Colesmas, 20.10.2012
Cruzei o Côa na Fontanheira, rumo à casa florestal abandonada (como todas...). Várias pequenas linhas de água provêm da raia, para formar a ribeira das Colesmas. Percorri o mais possível essas cabeceiras, só vendo de quando em quando pequenos vestígios de água. Mais abaixo, contudo, a ribeira já era ribeira. Desci-a até onde se lhe junta o ribeiro Salgueiro ... voltando depois a subir de novo em direcção à raia, acompanhando o bonito curso daquele. Tal como em Maio ... foi frequente saltar muros e arames...J.

Ribeira das Colesmas,
pouco antes da foz do Ribeiro Salgueiro, 20.10.2012
Vale da Ribeira das Colesmas, já próximo da foz no Côa, 10.03.2010
Subindo o vale de Ribeiro Salgueiro, 20.10.2012
Quinta do Rato, no vale de Ribeiro Salgueiro
Na raia, perto do vértice onde se juntam os limites das Beiras e da Extremadura espanhola
Retomei a descida acima da Quinta do Rato e muito perto do vértice onde se juntam os limites das Beiras e de nuestros hermanos, agora ao longo do vale do Ribeiro do Meio e atravessando a Quinta do Passarinho. Entre os morros do Cabeço Redondo e da Cruz Alta, as cartas topográficas passam contudo a chamar ao Ribeiro do Meio Ribeira dos Abedoeiros, designação por que é mais conhecida e que perdura até à sua foz no grande Côa, não muito longe das Veigas, do velho "Engenho" e da velha ponte romana de Vale de Espinho.
Quinta do Passarinho, 20.10.2012
Quinta e charca no
Ribeiro do Meio
Ribeira dos Abedoeiros
Vale da Ribeira dos Abedoeiros, já próximo da foz, no Côa, 20.10.2012
Com 22 km percorridos, estava terminada mais uma bela jornada na senda das águas que correm para o Côa! O álbum completo de fotos pode ser visto no Picasa, como habitualmente. E aqui fica também o percurso desta "peregrinação".

Sem comentários: